17/10/2025
A prata atinge máximos históricos impulsionada pelo aumento da procura industrial e pela escassez de oferta.
Em 2024, o uso industrial representou aproximadamente 58% da procura total de prata, impulsionado pelo crescimento em setores como a fotovoltaica, a eletrificação, as turbinas eólicas, a eletrónica de alta gama, os veículos elétricos e os chips para inteligência artificial (IA). Este crescimento estrutural nas aplicações industriais diferencia a prata dos metais puramente monetários e poderá contribuir para uma base de procura mais sólida e resistente.
O verdadeiro ponto de viragem, no entanto, reside em como a escassez está a transformar o mercado. As taxas de empréstimo nos principais centros de negociação de prata indicam uma oferta física limitada. Mesmo com uma procura moderada em alguns sectores, as perspetivas de disponibilidade continuam a ser restritas. O mercado da prata acumula já cinco anos consecutivos de défice, e estima-se que em 2025 o défice atinja os 118 milhões de onças. A produção mineira continua a ser limitada, uma vez que a prata é extraída maioritariamente como subproduto de outros metais, o que reduz a elasticidade da oferta. Embora a reciclagem tenha aumentado 24%, não é suficiente para colmatar a lacuna.
Além disso, a histórica correlação inversa entre a prata e o dólar norte-americano, juntamente com as expectativas de cortes nas taxas de juro, poderá adicionar outra camada de impulso. À medida que os bancos centrais se orientam para políticas monetárias mais relaxadas, a prata tende historicamente a superar o desempenho, especialmente em contextos onde a inflação corrói o valor real dos rendimentos nominais.
Os últimos desenvolvimentos no investimento de retalho reforçam ainda mais o crescente apelo da prata. A procura física por parte dos consumidores aumentou, com algumas casas da moeda a reportar vendas mensais históricas e compras notáveis de moedas de ouro e prata. O consumo global de lingotes e moedas no ano passado atingiu aproximadamente 1.186 toneladas — cerca de um quarto da procura total — e continuou a crescer, segundo dados do Conselho Mundial do Ouro (WGC).
«Os metais preciosos continuam a acumular ativos. A prata superou o ouro por uma larga margem até agora este ano. Tal como o paládio, a prata tem um forte componente industrial e pode beneficiar-se do sentimento positivo em relação aos metais industriais», aponta Darwei Kung, Chefe de Commodities e Recursos Naturais na DWS.
À medida que a prata oscila entre a sua função industrial e o seu atractivo como ativo monetário, o seu percurso futuro dependerá de se forem aliviadas as restrições de fornecimento ou se a procura industrial continuar a expandir-se de forma estrutural.
Gráfico. O impulso do preço reflete a procura por prata e a escassez de oferta
Fontes: Bloomberg Finance L.P., DWS Investment GmbH à data de 14/10/25
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